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Publicado: 30/08/2016

Rede Cata Sampa processa recicláveis durante Olimpíadas em São Paulo

Assim como os atletas brasileiros e estrangeiros que brilharam nos Jogos Olímpicos Rio 2016 em suas respectivas modalidades, a Rede Cata Sampa atuou com seu time de catadores no campo da sustentabilidade e foi a responsável pela triagem e destinação de todos resíduos sólidos recicláveis gerados nos jogos olímpicos realizados no estádio ‘Itaquerão’, em Itaquera, Zona Leste de São Paulo. A operação foi resultado de uma parceria entre o Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Rede Cata Sampa.

Segundo o catador Eduardo Ferreira de Paula (Dudu), responsável pela coordenação geral das coletas nos jogos olímpico do estádio ‘Itaquerão’, até o momento já foram processadas quase 20 toneladas de resíduos recicláveis gerados durante os jogos. Durante os trabalhos, vários caminhões tipo ‘roll on roll off’ e caminhonetes modelo HRs da Rede Cata Sampa saíram do local com recicláveis, rumo ao galpão de comercialização.

O sucesso da operação foi possível graças à bem planejada logística, em que os materiais recicláveis, como latinhas, garrafas plásticas e papelão – entre outros -, foram coletados das lixeiras instaladas em pontos específicos e levados para um setor localizado atrás da arena, onde catadores fizeram uma pré-triagem dos mesmos, antes de seguirem para a cooperativa mais próxima e passarem por uma segunda triagem.

Uma das cooperativas bases da Rede Cata Sampa, a Cooperleste, situada em São Mateus, foi beneficiada e responsável pela triagem e enfardamento de todo material oriundo do estádio olímpico. Ela foi escolhida por ser a mais próxima ao estádio. Todo o material processado será comercializado em conjunto com a Rede Cata Sampa, onde a renda da comercialização deve ser revertida para a cooperativa.

RECONHECIMENTO NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

O reconhecimento, por parte dos grandes geradores de resíduos, da capacidade dos catadores como prestadores de serviço e sua justa remuneração, figura entre os principais temas das reivindicações dos catadores organizados em cooperativas e em rede, como a Cata Sampa, dentre outras. Prova dessa capacidade já foram dadas, com sucesso, em eventos de grande porte, como a experiência bem sucedida na Copa do Mundo Fifa 2014, bem como agora nas Olimpíadas Rio 2016.

“Isso foi muito gratificante para os catadores e as catadoras, realizando um trabalho de grande valor e mostrando que as cooperativas de catadores e a Rede Cata Sampa têm condições de prestar serviço para os grandes geradores, em eventos, feiras, o que vier”, afirmou Dudu.

Com grande experiência nas lutas por conquistas socioambientais envolvendo a categoria, o catador Roberto Laureano da Rocha, um dos dirigentes da Rede Cata Sampa, defende com vigor o mesmo tema. Em sua avaliação, apesar de a prestação de serviço no estádio olímpicos não ser remunerada, é relevante a participação dos catadores do gerenciamento dos resíduos na primeira edição dos jogos olímpicos no Brasil.

“A Rede Cata Sampa, sendo uma das responsáveis pelos resíduos recicláveis do estádio durante as Olimpíadas, significa mais uma vez que nós temos a capacidade de operar todo esse processo, embora ainda, infelizmente, nesta edição, não foi como a da Copa do Mundo, que houve o reconhecimento pelo pagamento na prestação de serviço, mas nós aceitamos o desafio, por conta da grandeza que é as Olimpíadas e a nossa responsabilidade enquanto sociedade, enquanto catadores, de dar o tratamento correto aos resíduos sólidos recicláveis”, disse com convicção.

Ainda, segundo Rocha, esse evento é histórico para os catadores, enquanto profissionais experientes e capazes de prestar serviços dessa natureza.

PARTICIPAÇÃO HISTÓRICA E ACRÉSCIMO DE RENDA

Embora não tenham sido remunerados pela prestação do serviço no estádio olímpico, os catadores da Cooperleste, cooperativa filiada à Rede Cata Sampa, vêem com bons olhos essa participação da coleta em evento olímpico, de cunho mundial.

Eles frisam que, apesar da fragilidade pela não contratação oficial da gestão dos resíduos recicláveis nos jogos olímpicos em São Paulo, o grande valor histórico do evento não deixa de ser motivo de orgulho e sinal de que, pouco a pouco, os degraus do reconhecimento estão sendo conquistados, como afirma o catador Domingos Pereira de Araújo, o ‘Sr. Domingos’, presidente da cooperativa.

“Para nós é bom, para qualquer cooperativa é significante participar desses eventos, porque isso vem a unir mais os cooperados e fortalecer a cooperativa junto à Rede Cata Sampa, principalmente, da qual somos filiados e parceiros. Isso veio motivar os cooperados, muitos deles nunca tiveram a oportunidade de entrar num estádio. Hoje, além de participarmos da coleta na Copa, agora estamos participando da coleta nas Olimpíadas”, afirmou.

Ainda segundo Araújo, a comercialização de todo material coletado no estádio também fará importante diferença na hora de partilhar a renda entre os cooperados, uma vez que será um acréscimo nos rendimentos mensais.

“Isso veio ajudar numa hora precisa, porque estamos com problemas de falta de material diariamente, isso veio reforçar e ajudar bastante. A comercialização desses materiais ajudará no acréscimo da renda dos cooperados, já que o material é melhor, com mais latinhas de alumínio e PET, melhores que os materiais recebidos diariamente de outros lugares pela cooperativa, que oferece grande perda, devido aos rejeitos. Esse aqui é 90% comercializável, então vem acrescentar mais a renda”, concluiu.

De igual pensamento, Natanael Dias Silva, coordenador da central de triagem, disse que, de alguma forma “é benefício para nós, porque, do jeito que estão as coisas, faltando material, é bom esse material a mais”.

Sua colega de trabalho e há 10 anos no cooperativismo,  a catadora Deusilar Rodrigues de Freitas, de 39 anos, disse orgulhosa que participou da coleta seletiva na última Copa do Mundo, no estádio ‘Itaquerão’ e acha importante a participação dos catadores na coleta das Olimpíadas.

“Participar desse evento é bom, ajuda a gente a melhorar um pouco”, disse, com um sorriso de esperança no rosto, assim como seus demais colegas de triagem.

Por sua vez, o catador Hamilton Silva Oliveira, 56 anos, – que trabalha com recicláveis há 28 anos-, demonstrou bom ânimo com a qualidade do material e a pouca porcentagem de rejeito. Ele também frisou a importância histórica da participação dos catadores na coleta das Olimpíadas.

“Eu trabalhei na Copa do Mundo com a Rede Cata Sampa. Essa parceria evita que muitos resíduos vão para o aterro e sejam destinados à cooperativa, agregando um valor melhor aos materiais, à renda dos cooperados e ao meio ambiente, principalmente”, salienta.

CATADORES NAS OLIMPÍADAS 2016

Em todos os Estados brasileiros que sediaram os jogos olímpicos houve a participação das cooperativas de catadores na coleta seletivas dos recicláveis gerados nos locais de competição. Por ser a cidade sede das Olimpíadas e pelo fato de agregar maior número de atletas participantes e público presente, o Rio de Janeiro foi a única cidade onde as redes de cooperativas organizadas foram pagas pela prestação de serviço de coleta, triagem e destinação do material.

Além de inserir a educação ambiental junto ao público-alvo, o trabalho de coleta em grandes eventos esportivos, ou de outra natureza, se torna um relevante modelo de negócios para as cooperativas organizadas, colocando os catadores como elo fundamental na cadeia de reciclagem e elevando o tema da coleta seletiva, local e global.


Fonte: Rede Cata Sampa

 

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